sábado, 23 de maio de 2020

00. Conclusão de momento.


Aqui termino minha participação nesta coletânea de textos sobre passagens da minha vida. Não gosto muito do termo "conclusão" porque não sei quanto tempo ainda viverei e quanta coisa importante ainda poderá me acontecer, apesar de que, pelas circunstâncias, não tenho mais muita expectativa sobre tempos e fatos. Portanto, a partir daqui, deixo para meus filhos ou, quem sabe, meus netos completarem este compêndio com outros fatos que justifiquem seus tempos dispendidos.

Gilberto Gonçalves Vilela
Aos 75 anos
Torres Vedras - Portugal
23 de maio de 2020.

sexta-feira, 22 de maio de 2020

01. O início de tudo.


Interessante é que as memórias mais recentes, conseguimos nos lembrar em forma de filmes, com trechos completos, mais longos e animados enquanto as memórias bem mais antigas a gente se lembra como se fossem fotos, inanimadas, paradas no tempo. Assim é que minhas lembranças mais antigas me vêm em forma de imagens paralisadas, mal focadas, sem qualquer sequência lógica.
Barbosa, por volta de 1948, eu com três anos de idade, as imagens mais antigas que consigo vislumbrar. Uma casa de madeira com uma janela, possivelmente num quarto, para o fundo do quintal, com um peitoril estreito onde se equilibra um vasinho simples com uma planta que não tenho a mínima ideia do que seja. Um quintal profundo e uma “jardineira”, isto mesmo, uma jardineira, tipo de ônibus antigo estacionado debaixo de umas árvores que presumo serem laranjeiras, e que meu pai dirigia diariamente, fazendo a ligação de Barbosa a Promissão, ambas na Noroeste do estado, só isto. Da mesma época, uma imagem mais viva de um senhor idoso deitado, imóvel, sobre uma cama larga e simples; hoje sei que era meu avô materno, falecido alguns meses depois.
Outra memória antiga, sequente à primeira, se dá na Cerâmica Chavantes, onde consigo ver uma colônia onde moravam os trabalhadores numa indústria produtora de telhas residenciais, com cerca de vinte casas, pequenas e todas iguais, construídas em três blocos formando um “U”, com um campo de futebol em terra no centro. Esta comunidade pertencia ao município de Avanhandava, onde fui registrado, hoje pertence a Barbosa, pequeno município, vizinho do outro, às margens do rio Tietê. Na minha visão estática ainda consigo ver, num dos cantos da colônia, a casa de uma certa dona Linda onde num Natal, possivelmente de 1950, vejo pela primeira vez um presépio com um caminhãozinho de madeira que eu houvera emprestado para compor o cenário do presépio.

02. Descobrindo o mundo.


De repente eu me vi no meio do mundo, fazendo parte do mundo. Até então eu era um garoto sem passado nem futuro e com um presente insosso, sem emoções, sem saber o que era sofrer ou sentir prazer, já com um punhado de irmãos mais novos para ajudar a criar.
Era por volta de fevereiro de 1953 e eu chegava de mudança a Penápolis, sem saber por que e sem qualquer plano na cabeça quase vazia. Em princípio fui morar num “cortiço” (isto mesmo, um cortiço) implantado num prédio comercial que virou moradia para quatro famílias, dois cômodos, um que servia de quarto para nós sete, à época, meus pais e cinco irmãos e outro, menor, que servia de cozinha, sala e demais dependências. O banheiro e privada eram coletivos e no quintal. Duas portas grandes davam direto para a calçada da rua e apenas uma janela lateral. O endereço, Rua Eduardo de Castilho, número 435, a apenas duas quadras do grupo escolar e três da Praça Dr. Carlos Sampaio Filho, principal da cidade. De bom mesmo é que já tinha energia elétrica e água encanada.
Mas foi dali que entrei para o mundo, ali comecei a jogar bola de meia na rua com meus irmãos e vizinhos, dali comecei a frequentar o Grupo Escolar Augusto Pereira de Moraes, cognominado 2º. Grupo, já que no momento só havia duas escolas de primeiro grau, públicas na cidade. Cursei ali o segundo ano primário, nomenclatura da época, com a primeira professora que me cativou; muito bonita, educada e competente, pelo menos aos meus olhos: Dona Norma Clarice Leite Nogueira, que, entre vários ensinamentos, conduziu-me a estudar e decorar todas as cidades da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, importantíssima na época para a região, e todos os afluentes do rio Amazonas, margens direita e esquerda. Até hoje cito em ordem e corretamente todas aquelas informações sem gaguejar. Na mesma escola, em 1954, frequentei o 3º. ano primário, com Dona Jerônima Cápua Figueiredo que, além de ótima professora e muito séria, foi minha catequista para a primeira comunhão que fiz no mês de outubro no Santuário São Francisco de Assis, templo grande e belíssimo, bastante frequentado até os dias de hoje.
No mesmo grupo escolar, cursei o quarto ano com dona Lígia e tive minha primeira formatura numa cerimônia muito concorrida no salão de festas do Santuário. Lembro-me até hoje de toda a letra do hino de formatura, uma versão da música italiana, torna sorriento, cuja primeira estrofe dizia:

                   Adeus ó grupo escolar

                   Vais ficar vamos partir,

                   Com saudades deste lar

                    Iremos nos despedir.
                    . . . . . . . . . . . .
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03. Os anos dourados.


Há muitos anos bato no peito dizendo que tive dois grandes privilégios na vida. Primeiro: eu vivi os anos cinquenta, década de ouro para a literatura, para a música, para o cinema, para o esporte, principalmente para uma juventude desarmada de espírito, sem vícios, sem maldades, ingênua mesmo. E segundo, eu vivi, realmente, aquele momento, com todo vigor, apesar da pobreza e da desinformação. Segundo: eu vivi os anos cinquenta em Penápolis, interior do estado de São Paulo, uma cidade pequena, mas com todos os aparatos para suprir as necessidades e os anseios de um jovem simples e sem ambição.
E ali em Penápolis, no período de 1953 a 1962, apenas nove anos, acredito que vivi ou que poderia ter vivido toda a minha vida. E eu diria que desse tempo, noventa por cento eu vivi em apenas dois ambientes: o Santuário de São Francisco de Assis como uma estrutura que sempre causou inveja a outras cidades e onde vivi muitas fantasias e o meu Instituto de Educação Dr. Carlos Sampaio Filho, hoje escola de primeiro e segundo graus, onde cursei o primeiro grau e iniciei o segundo. Ali comecei a me sentir um ser humano com direito a sonhar.
A igreja, eu descobri durante o curso preparatório para a primeira comunhão, em 1954, quando minha professora do terceiro ano primário, catequista, convidou-me para fazer o tal curso. Naquele momento fiquei maravilhado com a estrutura do templo, com sua torre altíssima, certamente o lugar mais alto que eu houvera alcançado, com seus grandes salões povoados de imagens de santos, com suas saletas de oração como aquela atrás do altar-mor e local de retiro e orações dos frades capuchinhos e seus amplos corredores laterais onde depois promovíamos reuniões de passa tempos nos dias de festividades noturnas.
Mas, na verdade mesmo, o que conheci um pouco mais tarde e que sempre me prendeu naquele local foi o campinho de terra na lateral direita do enorme terreno, uma quadra inteira, que circundava o santuário. Aquele campinho foi, durante muito tempo o meu centro de atenção e de diversão, ali eu passava horas e horas, com colegas jogando futebol, geralmente com bolas muito velhas cedidas pelas congregações existentes. Ali, posso dizer que aprendi a jogar futebol que num futuro não muito distante levou-me ao time profissional da cidade. No Santuário de São Francisco de Assis vivi muitos fatos e aventuras que serão tomados em vários textos mais à frente.
Quanto ao Instituto de Educação, no mesmo período, ele preenchia praticamente cinquenta por cento do meu tempo, seja pelos horários de aula normal seja por atividades complementares como aulas de Educação Física, torneios e campeonatos que disputei sob o comando do saudoso professor Laonte Rossi Vasconcellos. Ali também vivi os primeiros sonhos, os primeiros anseios de uma pré-adolescência e de uma quase juventude que gerará, por certo, vários textos deste trabalho.

04. Congregações.


Tive uma educação religiosa, dentro da Igreja Católica, muito forte, inicialmente por orientação e acompanhamento da minha avó materna, dona Rosalina Fernandes Gonçalves, a “beata” na acepção da palavra, e minha mãe sempre devota e muito crente em Deus e na Virgem Maria.
Como já salientei, passei grande parte do início da minha vida dentro do Santuário de São Francisco de Assis, em Penápolis. Ali pertenci a várias congregações.
Comecei pela Cruzada Eucarística da qual, infelizmente, não me lembro qual o santo padroeiro nem dos lemas do grupo, mas me lembro muito bem da nossa Coordenadora Geral, a irmã Maria Lavínia, muito jovem e muito bela, com todo o respeito, freira do Educandário Coração de Maria, escola e internato exclusivamente femininos e da Nícia   Milan, irmã do meu grande amigo Djalma Milan. Nós nos reuníamos todos os sábados à tarde, das 16 às 18 horas, para discutirmos a bíblia, os fatos religiosos, a vida de santos e mártires e a conduta de um verdadeiro cristão. Há, muito importante, chegávamos à igreja sempre ali pelas 14 horas para jogarmos futebol no campinho da igreja, com uma bola pertencente à congregação (equipamento muito raro na época). No verão, depois do encontro religioso, voltávamos para o campinho e seguíamos até quando ainda podíamos enxergar a bola. Penso até que a bola e o campinho atraíam mais do que a fé religiosa daquele grupo cada vez maior. Do grupo da Cruzada Eucarística, que existiu entre 1954 e 1958, tenho ainda na memória alguns colegas mais próximos como os irmãos Luiz e Nelson Béber, com os primos Eduardo e Valtinho Béber, João e José Silva, os irmãos Piante, Luiz Verardino, Djalma Milan, Ernesto Cagliari, Walter Makassian e muitos outros. A partir da Cruzada Eucarística e levado pelas mãos do amigo João Silva que estudava no ginásio comigo e que foi meu grande instrutor religioso, entrei em 1959 para o grupo dos Coroinhas (acólitos) que participavam da celebração das missas ajudando nos rituais e respondendo as orações proclamadas pelo padre.
Eu, particularmente vivia todos aqueles rituais com muita emoção, chegava a me sentir muito importante naqueles momentos, principalmente nas missas das 10h00, aos domingos, missa solene e cantada todinha em Latim. Aliás, todas as missas eram celebradas em Latim e nós, coroinhas tínhamos que decorar todas as respostas para repetir após as orações do padre. Eu levei tão a sério aquela tarefa que hoje, quase cinquenta anos depois, sei a missa inteirinha em Latim. Tenho ainda muito claras na memória imagens de colegas como José Augusto Buzembai, os irmãos José Américo e Celso Mello, Pituca da Vila Martins, Antônio Carlos Turaza, o Oliveira, o Valtinho Béber, o Toninho Galvão, o próprio João Silva. Na época era líder dos frades o Frei Martinho do Rio das Pedras, um dos três maiores oradores que conheci, que liderava o grupo formado pelo Frei Oswaldo, cantor e violonista dos encontros religiosos e sociais, o sério Frei Júlio, o bravíssimo Frei Felicíssimo e o leigo Frei Conrado.
E foi lá mesmo, no Santuário de Penápolis, de 1960 a 1962, que participei da Congregação Mariana, sob a coordenação e instrução do Sr. Valdemar Ferreira. A maioria do meu grupo eram remanescentes dos participantes da Cruzada Eucarística e dos Coroinhas e mais uma vez, confesso, motivados em parte pela excelente equipe de futebol que já jogava então no grande Estádio Municipal Tenente Carriço, com uniformes completos, técnico especialista e que jogava em várias cidades vizinhas além de disputar torneios e campeonatos da região. Do time principal, ainda tenho na memória grandes colegas como o goleiro José Augusto Buzembai, os irmãos José Américo e Celso, os zagueiros Carlos, o Zinho, o Moacir Mazaia o Nei Pássari e o saudoso Ivanoel Bachiega, o nosso Bellini. Naquela época, patrocinava e torcia muito pelo time, o padre superior do Santuário, Frei Martinho do Rio das Pedras, grande orador e torcedor do Santos.

05. Semana Santa.


Acredito que até hoje a igreja católica tem como suas datas e seus eventos mais importantes o Natal e a Semana Santa. Na minha época de Penápolis e do Santuário São Francisco de Assis de Penápolis não era diferente. Só que com muito mais ênfase e devoção. E as festas tinham climas completamente contrários. Enquanto no Natal o espírito era de festa, de comemoração e de alegria, a Semana Santa era pautada pela tristeza e recolhimento pois vivenciava o sofrimento e a morte de Nosso Senhor Jesus Cristo e só mudava o comportamento das pessoas no sábado da aleluia com a ressurreição de Cristo.
A Semana Santa era precedida, durante os quarenta dias da quaresma, pelas “vias sacras” que passavam pelas 14 estações do cominho de Cristo até o monte do Calvário onde foi crucificado e que eram realizadas todas as quartas e sextas feiras. Mas os rituais propriamente ditos começavam sempre no Domingo de Ramos, evento que marcava a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém quando os devotos forravam o chão e sustentavam ramos de palmeiras saldando a passagem do filho de Deus. Na minha cidade o grande encontro era, como sempre, na missa solene das dez, onde os fiéis aguardavam, na entrada da igreja portando os ramos nas mãos, a entrada do celebrante e dos seus assessores. Depois a missa com a bênção dos ramos.
Durante toda a quaresma, a igreja procurava demonstrar um clima de recolhimento e tristeza, preparando as pessoas para os acontecimentos da santa semana. Eram retirados todos os enfeites e flores, diminuíam-se as luzes e até as velas e, uma coisa que sempre me impressionou, todas as imagens e quadros eram cobertos por panos roxos que só eram retirados na missa da Aleluia durante o Glória. Os paramentos usados pelos padres celebrantes das cerimônias eram todos roxos
Depois da Missa de Ramos, acontecia a Via Sacra solene na quarta feira santa. Na quinta feira à noite era celebrado o concorrido “Lava-pés” onde o celebrante, entre orações e homilias, lavava e enxugava os pés dos coroinhas. E nós, os coroinhas, durante todos aqueles eventos mantínhamos um tom de referenciamento, muito compenetrados e até orgulhosos pela convicção de estarmos servindo ao Senhor.
Na Sexta Feira Santa, exatamente às três horas da tarde, hora presumida do fato real, era guardada a morte de Jesus Cristo. A partir daí tudo era silêncio, tudo era recolhimento e orações específicas. De hora em hora, até a madrugada de sábado, grupos previamente constituídos faziam a chamada “hora de guarda” junto à imagem do Cristo morto, com orações e cânticos especiais da época.
Nós coroinhas naqueles dias não saíamos da igreja. Ali permanecíamos para atender as pessoas, auxiliar em algum arranjo de última hora e assessorar os padres nas celebrações. Sempre tudo em Latim. E nos sentíamos muito importantes e destacados.
E depois vinha o Sábado da Aleluia. Os horários sagrados que depois foram sendo mudados para atender as conveniências de uns e de outros. A Missa da Aleluia que tinha um charme especial porque trazia de novo a alegria, com a ressurreição de Cristo no terceiro dia de sua morte, ou seja, na madrugada do domingo, começava às 23h45 para que o “Gloria in Excelsis Dei” se desse exatamente à meia noite.
E à meia noite era uma festa só, era uma alegria incontida de todos os presentes de numa igreja súper lotada onde ninguém reclamava do calor do verão interiorano. Naquele momento, quando o padre celebrante pronunciava a oração do “glória”, os coroinhas tocavam as sinetas do altar, alguém já previa e estrategicamente colocado tocava o carrilhão da igreja enquanto outros fiéis, no pátio fronteiriço, soltavam fogos de artifícios. O Francisco Sacramento com os senhores Benedito Faleiros e José de Castilho Lima, todos da Irmandade do Santíssimo, com uma haste comprida percorriam rapidamente o Santuário, descobrindo todas as imagens e quadros dos santos e mártires, que estivem cobertos durante toda a quaresma.
Terminava a missa, todos se cumprimentavam com muita alegria desejando feliz Páscoa para o domingo que se seguia e retornavam para casa, em grupos falantes e até mesmo cantantes pelas ruas semi-iluminadas de então.
Para nós coroinhas, a festa continuava ali mesmo. Nas laterais do Santuário havia dois corredores fechados que levavam as pessoas da entrada até os fundos sem passar pela nave da igreja, e que eram mal iluminados pois só eram utilizados durante o dia. Planejadamente e com antecedência, após a cerimônia nos deslocávamos para aquele local portando velas, comidas e bebidas e uma das diversões da época: jogo de futebol de botões.   E ali permanecíamos até o raiar do dia, comendo, bebendo e jogando botões, cada um com seu time preferido e colorido. Ninguém tomava bebida alcoólica nem fumava. E essa era uma das grandes aventuras para os adolescentes da década de cinquenta.

06. Quem sabe.


Depois da surpresa e da emoção que vivi ontem, não há como não quebrar a sequência cronológica, para publicar um fato ocorrido.
Nas últimas semanas eu e minha esposa temos ido ao teatro do Sesc Santos, acompanhando uma série de recitais intitulada “Solos Líricos” e que vem intercalando tenores, contra-tenores, barítonos, sopranos, contraltos. Na noite de ontem, tive a felicidade de assistir à apresentação da soprano Marly Monton que, após vários trechos de óperas famosas afirmou que iria fechar com uma composição popular, mas com um caráter muito lírico e só citou o nome do Compositor: Carlos Gomes. Ao ouvir este nome, até por acaso, me veio à mente uma música que marcou muito um período da minha vida. E só ao final a cantora disse o nome da música: Quem sabe, a mesma que eu imaginara que seria.
Conheci esta música belíssima de Carlos Gomes em 1961, quando cursava o 1o. Ano do Curso Normal no Instituto de Educação Dr. Carlos Sampaio Filho de Penápolis e participava com muito gosto do coral daquele curso. Tínhamos uma professora de música, que já me dera aulas durante os quatro anos do ginasial, dona Maria do Carmo, excelente pianista, arranjadora e maestra que adorava Carlos Gomes e ela nos preparou para apresentar a música que era cantada a três vozes e que tinha um solo bastante agudo interpretado por uma colega de classe chamada Áurea Mosca, que nunca mais vi nem soube, e que era de família tradicional da cidade. Não sei se a moça tinha algum estudo de canto lírico, mas tinha um agudo de soprano e fazia brilhantemente os solos daquela composição e foi isto que ficou marcado em minha memória.